"O tempo para ler é
sempre um tempo roubado. (Tanto como o tempo para escrever, aliás, ou
o tempo para amar.)
Roubado a quê?
Digamos, à obrigação de viver.
É sem dúvida por essa razão que se encontra no metro - símbolo refletido da dita obrigação - a maior biblioteca do mundo.
O tempo para ler, como o tempo para amar, dilata o tempo para viver.
Se tivéssemos que olhar o amor do ponto de vista de nosso tempo disponível, quem se arriscaria? Quem é que tem tempo para se enamorar? E no entanto, alguém já viu um enamorado que não tenha tempo para amar?
Eu nunca tive tempo para ler, mas nada, jamais, pôde me impedir de terminar um romance de que eu gostasse.
A leitura não depende da organização do tempo social, ela é, como o amor, uma maneira de ser."
Roubado a quê?
Digamos, à obrigação de viver.
É sem dúvida por essa razão que se encontra no metro - símbolo refletido da dita obrigação - a maior biblioteca do mundo.
O tempo para ler, como o tempo para amar, dilata o tempo para viver.
Se tivéssemos que olhar o amor do ponto de vista de nosso tempo disponível, quem se arriscaria? Quem é que tem tempo para se enamorar? E no entanto, alguém já viu um enamorado que não tenha tempo para amar?
Eu nunca tive tempo para ler, mas nada, jamais, pôde me impedir de terminar um romance de que eu gostasse.
A leitura não depende da organização do tempo social, ela é, como o amor, uma maneira de ser."
(PENNAC, Daniel. Como
um Romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. p. 118-9)
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